Temperaturas altas, salas abafadas e falta de climatização impactam a saúde e o aprendizado dos alunos. Prefeitura promete melhorias, mas sem prazo definido.
Por Alex Gasoni
Pais de estudantes da Escola Adelino Bordignon relataram à reportagem do Fala Matão que as salas de aula são abafadas, os ventiladores são insuficientes e, em alguns casos, chegam a ser desligados pelos professores para facilitar a comunicação em sala. A falta de climatização tem impactado não apenas o conforto, mas também a saúde e o desempenho acadêmico das crianças. A reportagem não questiona a qualidade do ensino e dos professores; pelo contrário, faz elogios. No entanto, destaca as condições inadequadas para os alunos e professores em relação às temperaturas nas salas de aula.
Pais denunciam condições precárias
Conversas de um grupo de WhatsApp de pais de alunos da escola, às quais tivemos acesso, revelam preocupação com os efeitos do calor sobre as crianças. "Minha filha passou muito mal o ano passado, teve dor de cabeça, roupa molhada de suor e chegou a vomitar de tão quente que estava a sala", relatou uma mãe.
Outra mãe relatou que sua filha, que estuda no período da tarde, tem apenas um ventilador para uma sala com 40 alunos. "Já liguei para a Secretaria de Educação, mas disseram que só tem uma pessoa para instalar os ventiladores", desabafou.
Os relatos também indicam que alguns professores sugeriram que os pais pressionem a Secretaria de Educação de Matão, cujo secretário é Marcelo Augusto Prado (Mazão), já que reclamar na escola não tem surtido efeito. As demais escolas/creches municipais também não tem ar-condicionado nas salas de aulas.
Em relação às escolas estaduais, o Governo Paulista tem realizado a instalação de aparelhos de ar-condicionado de forma gradativa. Em Matão, algumas unidades de ensino já contam com esses equipamentos.
Impactos na saúde e na aprendizagem
A neurociência aponta que condições ambientais desfavoráveis, como calor excessivo, podem comprometer significativamente a aprendizagem infantil. Altas temperaturas afetam a capacidade de concentração, irritabilidade, aumentam a fadiga e podem causar desidratação e dores de cabeça. O calor intenso ativa o sistema de estresse no cérebro, liberando cortisol em excesso, o que prejudica a memória e o aprendizado, segundos estudos da neurociência.
Em um ambiente escolar inadequado, o rendimento dos alunos cai drasticamente, comprometendo o processo de ensino-aprendizagem. Além disso, o calor excessivo pode agravar problemas de saúde pré-existentes, como alergias e doenças respiratórias.
O calor intenso também afeta os professores, tornando o ambiente de trabalho exaustivo e reduzindo a eficiência das aulas. Com salas abafadas, a comunicação se torna mais difícil, e o desgaste físico e mental dos educadores aumenta, prejudicando o desempenho pedagógico. A necessidade de interromper as aulas para lidar com alunos passando mal também compromete o fluxo do ensino.
Especialistas afirmam que a partir de 38ºC de temperatura ambiente, a capacidade de aprendizagem dos alunos fica comprometida. Raciocínio, memorização dos conteúdos, compreensão do que está sendo passado em sala de aula diminuem muito. E se a temperatura for ainda maior do que esta, as sequelas podem ser ainda mais graves.
“Se forem temperaturas muito altas, aí sim, aí você pode ter comprometimento irreversível e a longo prazo. Você pode ter morte até de neurônios se as temperaturas forem extremas, forem muito altas, acima de 42ºC, 45ºC. Isso pode ser em torno de uma hora, duas horas, você já pode ter comprometimento dessas células nervosas”, afirma Luiz Gustavo Dubois, coordenador do Programa de Neurociência do ICB/UFRJ.
Temperaturas dentro das salas de aula
A temperatura dentro de uma sala de aula sem climatização pode facilmente ultrapassar os 40°C. Em um estudo sobre temperaturas internas, foi observado que, em ambientes fechados sem climatização, a temperatura interna pode ser até 5 a 10 graus mais alta do que a externa. Ou seja, com 34°C lá fora, a sala pode facilmente atingir entre 39°C e 44°C ao longo do dia, especialmente no período da tarde.
Posicionamento da Prefeitura
Diante das queixas, o Fala Matão questionou a Prefeitura, por meio do Departamento de Imprensa, sobre as condições das escolas municipais e os planos para melhorar a climatização. Em resposta, a administração informou que está desenvolvendo um projeto para instalação de ar-condicionado nas unidades de ensino.
''A prefeitura está desenvolvendo um projeto para a instalação de ar-condicionado nas escolas municipais. Em alguns casos, como o da Escola Adelino Bordignon, será necessário revisar todo o sistema elétrico para suportar a nova demanda de energia. O plano também inclui a implementação de placas fotovoltaicas, visando a redução do consumo. Assim que os estudos forem concluídos, será realizada a licitação para a aquisição dos equipamentos.
Sobre os ventiladores, a prefeitura tem realizado manutenção, mas alguns precisam ser substituídos, o que pode gerar morosidade devido aos trâmites licitatórios'', comunicou a assessoria de imprensa da Prefeitura.
No entanto, o comunicado não apresentou prazos para a concretização dessas melhorias, deixando os pais insatisfeitos. "A gente ouve promessas, mas as crianças continuam sofrendo. Queremos uma solução urgente!", reclamou uma mãe.
Discrepância
A indignação entre os pais cresce ao compararem as condições das escolas com os próprios escritórios públicos. "Não há uma única sala onde trabalham secretários e diretores da Prefeitura sem ar-condicionado. Imaginem essas pessoas despachando seus trabalhos por uma semana sem climatização. Seria uma tortura! Agora, pensem nas crianças passando por isso todos os dias, o ano todo, com salas lotadas e ventiladores quebrados", dispara um pai revoltado.
Necessidade de ação urgente:
Diante da gravidade da situação, os pais exigem que a prefeitura tome medidas urgentes para garantir o conforto térmico nas escolas. Eles cobram a instalação imediata de ventiladores suficientes e em bom funcionamento, além da agilização do projeto de climatização das salas de aula.
A saúde e o bem-estar dos alunos devem ser prioridade máxima para garantir um ambiente escolar propício ao aprendizado e ao desenvolvimento das crianças e adolescentes de Matão.
A reportagem do Fala Matão continuará acompanhando o caso.
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