Reajuste na tarifa de água e esgoto em Matão será de 2,75% em 2025

Apesar do reajuste abaixo do IGP-M, população critica valores altos, cobrança de 100% para esgoto e falhas nos serviços prestados pela concessionária.

 

A Prefeitura de Matão anunciou um reajuste de 2,75% nas tarifas de água e esgoto para 2025, autorizado pelo prefeito Cido Ferrari. A decisão vem após análise técnica e jurídica baseada no Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que acumulou 5,58% no último período. O percentual autorizado é significativamente inferior aos 9,92% solicitados pela concessionária Águas de Matão, mas a medida ainda gera descontentamento entre a população, que enfrenta custos elevados e questiona a qualidade do serviço prestado.

Reajuste: entre o contrato e a realidade

Desde a concessão dos serviços à Águas de Matão em 2015, a tarifa mínima passou a ser aplicada, alterando drasticamente os valores cobrados. Em casos como o da consumidora Joana, a conta de água subiu de R$ 6 para R$ 43,14 em apenas um mês, acompanhada de igual valor para o esgoto, totalizando R$ 86,28. Essa mudança representou um aumento de 858% e estabeleceu uma política tarifária que, segundo muitos moradores, desconsidera a realidade socioeconômica local.

A tarifa mínima, atualmente de R$ 42,54 para água e o mesmo valor para esgoto, é aplicada a qualquer imóvel com consumo de até 10 metros cúbicos, penalizando quem utiliza menos do que o limite. Além disso, terrenos com mais de uma construção, mesmo com um único IPTU e proprietário, têm a cobrança multiplicada, gerando uma sensação de injustiça entre os contribuintes.

Falhas no serviço: qualidade em xeque

Apesar dos custos elevados, os serviços prestados pela concessionária têm sido alvo de críticas constantes. Em 2024, bairros inteiros enfrentaram falta d’água por meses consecutivos, enquanto parte do Jardim Paraíso continua recebendo água de qualidade inferior, descrita como salobra e pegajosa. Reparos em cortes de asfalto feitos pela empresa frequentemente resultam em desnivelamento, causando transtornos adicionais à população.

Essas falhas contrastam com as obrigações previstas no contrato de concessão, que exige eficiência na prestação do serviço. A população, já sobrecarregada pelos altos valores cobrados, vê qualquer aumento como uma afronta, principalmente diante da percepção de que os problemas persistem.

Reclamações sobre a tarifa e a equivalência água/esgoto

Outro ponto de insatisfação está na equiparação dos valores cobrados pela água e pelo esgoto (cobrança de 100% do valor da água para o esgoto), uma prática que não é universalmente adotada e que eleva significativamente o custo final. Para muitas famílias, especialmente as de baixa renda, essa política tarifária representa um peso desproporcional em seu orçamento. Antes, sob a gestão da Caema, o percentual era de 50%, mas a concessionária implementou a equiparação total. 

O papel do Poder Público

Embora o esforço da Prefeitura em limitar o reajuste a 2,75% seja digno de nota, moradores argumentam que a medida é insuficiente diante da realidade vivida pela população. O histórico de oscilações no IGP-M, com índices negativos em 2024 (-4,56%), é citado como justificativa para um congelamento ou até redução das tarifas, especialmente considerando os serviços questionáveis prestados pela concessionária.

A água, um bem essencial à vida, não pode ser tratada como mero produto comercial. O equilíbrio entre viabilidade econômica e justiça social é inconstestável para que os moradores de Matão tenham acesso a um serviço de qualidade sem comprometer sua dignidade.