Com todos os focos extintos, autoridades investigam incêndios criminosos e ações preventivas continuam em 48 cidades do interior do estado. Três pessoas foram presas.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta segunda-feira (26) que não há mais focos de incêndio ativos no estado de São Paulo. Até o final da noite de domingo (25), o estado ainda contabilizava seis pontos de incêndio.
"Fizemos uma avaliação na manhã de hoje, e os focos que ainda existiam em Pedregulho e Paulo de Faria já foram completamente apagados. Portanto, não temos mais incêndios ativos no estado de São Paulo."
O governador mencionou que três pessoas foram presas em flagrante em São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira por provocarem incêndios intencionais.
"Essas pessoas estavam carregando gasolina e, de fato, ateando fogo de forma criminosa", explicou.
O governo acredita que, até o momento, não há indícios de uma ação coordenada por trás dos incêndios. As investigações seguem sob a responsabilidade da Polícia Civil e da Polícia Federal.
No domingo (25), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que os incêndios ocorridos no interior de São Paulo são atípicos e necessitam de uma investigação detalhada. A Polícia Federal já instaurou dois inquéritos para investigar as causas dos incêndios no estado.
O governador também informou que as Forças Armadas permanecem mobilizadas, juntamente com o Corpo de Bombeiros, para realizar ações preventivas em 48 municípios que ainda estão em alerta.
Tarcísio identificou três fatores principais que contribuíram para a propagação dos incêndios nos últimos dias: seca, altas temperaturas e ventos fortes.
"A seca severa que o estado de São Paulo vem enfrentando há algum tempo já colocou diversos municípios em situação de emergência", afirmou.
"Nos últimos dias, tivemos uma combinação perigosa de fatores: temperaturas elevadas, ventos fortes e uma umidade relativa do ar extremamente baixa. Essas condições tornam qualquer faísca um risco."
O governador estima que os danos causados pelos incêndios ao estado ultrapassem R$ 1 bilhão.
A onda de incêndios que atingiu o interior de São Paulo deixou 48 cidades em estado de alerta máximo. Desde o início das chamas na sexta-feira (23), duas pessoas morreram e mais de 800 foram obrigadas a deixar suas casas, segundo informações do governo estadual.
Mais de 20 mil hectares já foram devastados pelo fogo, e a região registrou mais de 2.300 focos de incêndio em apenas três dias, de acordo com a Defesa Civil. Imagens capturadas por moradores das áreas afetadas mostram o céu encoberto por uma espessa camada de fumaça.
Este foi o mês de agosto com o maior número de focos de incêndio registrado no estado de São Paulo desde 1998.
No sábado (24), o governador sobrevoou as áreas mais atingidas pelos incêndios no interior do estado.
Na sexta-feira, o governo criou um gabinete de crise em resposta aos incêndios. A "operação SP sem fogo" reúne especialistas da Defesa Civil do Estado, além de representantes das secretarias da Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento, e Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
Chamas consomem área canavieira e área de preservação permanente na região da Pedreira em Matão - Foto: Alex Gasoni / Fala Matão
Dados
Em meio à seca, calor intenso e incêndios que trouxeram transtornos e medo aos moradores do interior de São Paulo, o estado registrou entre quinta-feira (22) e sexta-feira (23) um total de 2.316 focos de fogo, um número quase sete vezes maior do que o registrado em todo o mês de agosto do ano passado, quando foram contabilizados 352 incidentes.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esses números colocam São Paulo no topo da lista de estados com mais incêndios no país ao final da semana passada, superando até mesmo os estados da Amazônia Legal, que enfrentam uma temporada recorde de queimadas, com a fumaça se espalhando por 10 estados, incluindo São Paulo e até o Rio Grande do Sul.