Interior de SP em chamas: 2.300 focos de incêndio em 48 horas

Em Matão, incêndios devastam áreas rurais, resultando na morte de vários bois, enquanto em Bueno de Andrada uma família é socorrida após inalar fumaça; o interior paulista vive dias de caos com mortes e destruição causadas pelo fogo.

Em meio à estiagem, calor extremo e incêndios que causaram mortes, transtornos e medo a moradores do interior de São Paulo, o estado registrou entre quinta-feira (22) e sexta-feira (23) 2.316 focos de fogo, número quase 7 vezes maior do que o registrado em todo o mês de agosto do ano passado, quando foram contabilizados 352 incidentes.

Os registros, segundo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), colocam São Paulo no topo da lista de incêndios do país no fim desta semana, inclusive à frente de estados da Amazônia Legal, que enfrentam uma temporada recorde de queimadas - com fumaça chegando a 10 estados, incluindo São Paulo e até o Rio Grande do Sul.

Os números são do Programa BDQueimadas, mantido pelo Inpe, com base em satélites de referência, ou seja, utilizados para a obtenção dos dados que compõem a série histórica e permitem o comparativo entre diferentes períodos.

Gabinete de crise

Uma série de ocorrências, sobretudo envolvendo canaviais em chamas e a morte de dois trabalhadores que tentavam combater o fogo nesta sexta em Urupês, levaram o Governo do Estado a criar um gabinete de crise para discutir soluções ao problema.

Os incêndios se concentram principalmente em municípios da região de Ribeirão Preto (SP), de São José do Rio Preto (SP), de Presidente Prudente (SP), São Carlos (SP) e Bauru (SP).

48 horas de tensão 

O estado de São Paulo viveu momentos de tensão entre quinta-feira (22) e sexta-feira (23), quando um total alarmante de 2.316 focos de incêndio foi registrado, um número quase sete vezes superior ao registrado em todo o mês de agosto do ano anterior, que contabilizou 352 ocorrências. A combinação de estiagem, calor extremo e ventos fortes criou o cenário ideal para que os incêndios se alastrassem rapidamente, causando transtornos, destruição e medo.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esses números colocam São Paulo no topo do ranking de incêndios no Brasil neste período, superando até mesmo estados da Amazônia Legal, que estão enfrentando uma temporada recorde de queimadas. A fumaça gerada por esses incêndios foi tão intensa que alcançou 10 estados, incluindo São Paulo e até mesmo o Rio Grande do Sul.

Os dados foram obtidos através do Programa BDQueimadas, mantido pelo Inpe, que utiliza satélites de referência para monitorar e comparar a incidência de incêndios ao longo do tempo.

Diante da gravidade da situação, marcada por eventos trágicos como a morte de dois trabalhadores que tentavam combater o fogo em Urupês na sexta-feira, o governo estadual decidiu criar um gabinete de crise para buscar soluções. Os incêndios afetaram principalmente as regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, São Carlos e Bauru.

Incêndios em Matão (SP):

Um incêndio devastador em uma área rural entre Matão e Gavião Peixoto resultou na morte de vários bois e feriu gravemente outros. O fogo, levado pelo vento, se espalhou para um canavial próximo, agravando ainda mais a situação.

Durante a noite de sexta-feira, o Corpo de Bombeiros de Matão também teve que lidar com chamas que ameaçavam residências em Motuca.

Queimadas em Matão resulta na morte de bois - Foto: reprodução/Defesa Civil de Matão 

Bueno de Andrada (Araraquara - SP):

Uma família enfrentou uma situação dramática ao inalar fumaça durante um incêndio em uma mata nas proximidades da vicinal José Barbieiri Neto.
A densa fumaça reduziu drasticamente a visibilidade, resultando em um engavetamento e na destruição de um carro. Os membros da família, incluindo um bebê de 1 ano e 6 meses e outro de apenas 4 meses, passaram mal e precisaram ser socorridos pelo Samu.

Boa Esperança do Sul (SP):

Um incêndio de grandes proporções atingiu a rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-255), forçando a interdição da via nos dois sentidos.
O fogo causou um congestionamento de 2 quilômetros, e o tráfego precisou ser desviado para municípios vizinhos.

Cidades mais afetadas no estado de São Paulo

1. Pitangueiras (SP): 86 focos
2. Altinópolis (SP): 62 focos
3. Sertãozinho (SP): 55 focos
4. Pontes Gestal (SP): 45 focos
5. Urupês (SP): 41 focos
6. Salmourão (SP): 40 focos
7. Pontal (SP): 39 focos
8. Altair (SP): 38 focos
9. José Bonifácio (SP): 38 focos
10. Dourado (SP): 37 focos
11. Olímpia (SP): 37 focos
12. Patrocínio Paulista (SP): 37 focos
13. Andradina (SP): 34 focos
14. Ibitinga (SP): 34 focos
15. Jaboticabal (SP): 34 focos
16. Areiópolis (SP): 33 focos
17. Barrinha (SP): 32 focos
18. Onda Verde (SP): 32 focos
19. Ribeirão Preto (SP): 32 focos
20. Santa Cruz da Esperança (SP): 31 focos

Situação no estado

Desde o início dos incêndios, diversos municípios no interior de São Paulo têm enfrentado dificuldades, com áreas agrícolas e matas sendo destruídas. Em Piracicaba, por exemplo, as chamas que persistem há seis dias exigiram a intervenção de um avião para combate ao fogo.

Neste sábado (24), 34 cidades paulistas estavam em alerta máximo para grandes queimadas, com 24 delas apresentando focos ativos de incêndio. Dentre as mais críticas estão:

• Alumínio
• Bananal
• Bebedouro
• Boa Esperança do Sul
• Coronel Macedo
• Dourado
• Iacanga
• Ibitinga
• Jaú
• Lucélia
• Monte Alegre do Sul
• Nova Granada
• Piracicaba
• Pitangueiras
• Poloni
• Pompeia
• Pontal
• Presidente Epitácio
• Salmourão
• Santo Antônio da Alegria
• Santo Antônio de Aracanguá
• Tabatinga
• Taquarituba
• Torrinha

Na manhã deste sábado (24), o governador Tarcísio de Freitas realiza um sobrevoo nas áreas com maior incidência de incêndios no interior do Estado.

Mais de 7,3 mil entre profissionais e voluntários estão mobilizados no combate às chamas e na orientação da população. O gabinete de pronta resposta, instalado ontem (23), permanece ativo no âmbito da Operação SP Sem Fogo, que integra especialistas da Defesa Civil do Estado e das secretarias da Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento, e Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).