Vacinas aprovadas pela ANVISA podem reduzir impacto da doença no Brasil.
A dengue foi considerada pela OMS como uma das dez ameaças à saúde global em 2019. Metade da população mundial tem risco de contrair esta infecção; estima-se que haja entre 100 e 400 milhões de infecções anualmente. No Brasil, em 2022, houve registro de mais de 1,4 milhão de casos, com 1017 mortes notificadas. Em 2023, até junho, foram notificados 1.379.983 novos casos, com 635 mortes até agora.
O controle de mosquitos transmissores tem sido o foco da prevenção desta infecção, que causa óbitos, afastamento do trabalho e das demais atividades sociais, além de agravar quadros de insuficiência cardíaca e outras doenças crônicas. A fabricação de vacinas contra dengue sempre foi considerada uma tarefa difícil, já que a dengue é causada por 4 diferentes sorotipos de vírus, e a segunda infecção por dengue costuma ser muito mais grave.
Existe uma vacina aprovada pela ANVISA há alguns anos (DENGVAXIA), que só pode ser aplicada em pessoas que comprovadamente já tiveram a dengue, destinada a quem tem entre 9 e 45 anos de idade; a vacina é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos de dengue em circulação: DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4, com eficácia próxima a 70%. Recentemente, a ANVISA aprovou uma nova vacina contra a dengue (QDENGA).
De acordo com a Anvisa, a Qdenga é indicada para a faixa etária de 4 a 60 anos; é aplicada em um esquema de duas doses, subcutâneas, com intervalo de três meses entre as aplicações; a vacina é composta por quatro sorotipos diferentes do vírus causador da doença. Ela também poderá ser aplicada em quem já teve a doença. A eficácia contra a dengue para todos os sorotipos combinados entre indivíduos soronegativos para dengue (sem infecção anterior pelo vírus da dengue) foi de 66,2%. Já para os indivíduos soropositivos (indivíduos que tiveram infecção anterior pelo vírus da dengue), esse valor foi de 76,1%.
Para ser distribuído pelo SUS, o imunizante precisa passar pela análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) e ser incorporada no calendário de vacinação do Governo Federal. A previsão é que isso aconteça somente em 2025. No momento, a nova vacina contra a dengue, está sendo aplicada somente em clínicas e laboratórios privados.
Espero que o combate ao mosquito transmissor continue, verificando alguns itens dentro de casa e no bairro, com o envolvimento de toda a família e vizinhança. Mas, a chegada de novas vacinas é sempre uma boa notícia para o controle dessa infecção que vem afetando milhões de brasileiros nas últimas décadas, com muitas hospitalizações e mortes.
Dra. Silvia Nunes Szente Fonseca
Docente de Pediatria e Infectologia do IDOMED
silvia.fonseca@estacio.br