Segundo Marcos Rogério, senadores da base governista não tiveram acesso à íntegra das investigações feitas pela CPI. Documento será votado na próxima semana.
Às 10h desta quarta-feira (20), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 se reúne para fazer a leitura do relatório final. O documento é o compilado de tudo que foi apurado nos quase seis meses de reuniões, desde a abertura, em 27 de abril deste ano. Nele também estão sugestões de indiciamentos e pedidos de investigações. A partir do relatório, órgãos fiscalizadores serão acionados para darem continuidade às investigações.
O documento, elaborado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), tem 1.180 páginas e pedido de indiciamento para 66 pessoas e duas empresas. Foi alterado após uma reunião de Calheiros com outros integrantes da comissão, na noite de terça-feira (19)
No documento finalizado, Calheiros retirou o pedido de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro pelo crime de genocídio contra povos indígenas. A proposta chegou a ser incluída em uma prévia do relatório, mas não houve consenso entre os senadores. Em reunião na noite de terça-feira (19), o G7, grupo majoritário da CPI, decidiu retirar a indicação do crime. Também foi desconsiderado o pedido de indiciamento de advocacia administrativa contra o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
As mudanças no relatório ocorreram depois que a minuta do documento vazou antes de ser lida por todos os integrantes do G7. O vazamento gerou profundos desgastes com críticas contundentes do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ao relator, Renan Calheiros.
Se antes o texto previa um capítulo inteiro para descrever o crime de genocídio no direito brasileiro, o nome mal aparece na versão final.
O nome do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, continua do documento e é incluído no trecho que trata de fake news durante a pandemia. Os senadores retiraram imputações à empresa Belcher Farmacêutica, que possui relação com o deputado Ricardo Barros (PP-PR), ao pastor Silas Malafaia, ao secretário de Saúde Indígena Robson Santos da Silva, ao presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier, e ao sócio da Belcher Farmacêutica Emanuel Catori.
Relatório de Renan acusa inocentes e protege aliados, diz Marcos Rogério
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou nesta terça-feira (20) que o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, elaborado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), acusa inocentes e protege aliados.
“Onde há acusações com provas robustas, ele ignora e não indicia ninguém. Ele protege quem tem provas e acusa quem não tem”, disse.
Para Rogério, a CPI adotou uma linha de investigação ao longo dos trabalhos que impediu a investigação de possíveis desvios de recursos federais de estados e municípios.
“O comando da CPI adotou uma linha de investigação (…) é uma investigação manda, parcial e seletiva. Um verdadeiro faz de conta.”
Segundo parlamentar, senadores da base governista não tiveram acesso à íntegra das investigações feitas pela CPI. “Comecei a observar que isso parece uma estratégia para impedir que senadores ligados ao governo não tenham acesso as provas de crimes que teriam acontecido no âmbito de estados e municípios”
Em entrevista à CNN, Renan afirmou o relatório final da comissão de inquérito apresentará 69 pedidos de indiciamento.
Ao chegar no Senado, Renan afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será indiciado por Manaus, Prevent Senior e crimes contra indígenas – a menção a genocídio foi retirada do relatório após acordo.
R7/CNN