"Recomendamos paracetamol, e não ibuprofeno, em automedicação", declarou um dos porta-vozes da organização, Christian Lindmeier.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu, nesta terça-feira (17), que as pessoas não usem ibuprofeno para tratar dos sintomas da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
"Recomendamos paracetamol, e não ibuprofeno, em automedicação", declarou Christian Lindmeier, em Genebra.
A recomendação vem depois do alerta feito pelo ministro da Saúde da França, no último sábado (14), contra o uso de ibuprofeno no tratamento da covid-19. Ele levou a questionamentos sobre se a substância, presente em vários tipos de anti-inflamatórios, poderia agravar o quadro da doença.
Segundo o portal G1, o pedido do ministro francês - de que as pessoas com covid-19 evitassem o ibuprofeno e tomassem, em vez disso, paracetamol - veio depois de uma pesquisa publicada na revista científica ‘The Lancet’ no dia 11.
O estudo sugere que pacientes com diabetes e hipertensão que eram tratados com ibuprofeno tinham mais riscos de desenvolver quadros severos de covid-19.
Ao G1, especialistas afirmaram que os resultados da pesquisa são preliminares, mas, por precaução, não recomendam o uso do ibuprofeno para pessoas infectadas com a doença que se alastra pelo mundo.
"Não é uma evidência forte, mas quer dizer que tem que tomar cuidado", afirmou o infectologista Celso Granato, professor da Unifesp e diretor clínico do grupo Fleury, em São Paulo.
"A orientação que nós temos é: procure não usar ibuprofeno. Existem vários outros anti-inflamatórios, antitérmicos - por exemplo, paracetamol - que têm o mesmo efeito e não têm evidência de que têm esse problema", destacou Granato.
Antes da declaração da OMS, o Ministério da Saúde brasileiro havia afirmado que não havia comprovação que justifique a substituição do ibuprofeno. "Não é que o medicamento vai aumentar a chance de ter coronavírus. Nossa secretaria de ciência e tecnologia fez revisão bibliográfica e, neste momento, não há nenhum motivo, nem comprovação cientifica para que haja substituição do ibuprofeno", afirmou.
Corticoides
Granato também contra-indica o uso de corticoides, os quais podem ter efeitos semelhantes aos do ibuprofeno.
O infectologista José David Urbaéz, da Sociedade Brasileira de Infectologia no Distrito Federal, concorda que, neste momento, o melhor é evitar o ibuprofeno. Para ele, o fato de, no Brasil, não ser habitual tratar doenças virais com anti-inflamatórios é um fator que favorece o país.
"Temos cultura de paracetamol e dipirona. É um fator que nos deixa tranquilos", afirma.
A opinião é compartilhada por Granato. "Como esse dado surgiu na Europa, e a Europa tem um uso de ibuprofeno muito grande, foi muito evidente lá. Outros lugares usam menos. Aqui no Brasil, não é muito usado", conclui o especialista.